Pneumo: DPOC
Na DPOC, segundo as guidelines mais recentes de 2024, existem múltiplas intervenções que permitem redução da mortalidade associada a esta doença: cessação tabágica, terapêutica broncodilatadora de tripla ação, oxigenoterapia longa duração (OLD) para doentes selecionados, VNI em doentes selecionados, reabilitação respiratória e cirurgia de resseção de volume pulmonar (CRVP).
A cirurgia de resseção de volume pulmonar consiste na remoção de zonas de pulmão hiperinsuflado, não funcionante, para melhoria dos débitos expiratórios, tolerância ao esforço e qualidade de vida, com comprovada redução da mortalidade em doentes com enfisema grave. Contudo, sendo esta uma opção mais invasiva, e sendo que a doente ainda não realizou outras medidas menos invasivas que reduzem o risco de mortalidade, esta não seria a próxima intervenção a ser realizada.
A complacência pulmonar é definida como a mudança no volume por mudança na pressão e é o inverso da elasticidade. Portanto, a elasticidade, devido à inflamação e alterações das vias aéreas, diminui na DPOC e a complacência aumenta. O achatamento do diafragma é o resultado do aumento da complacência pulmonar.
Ainda que não se aplique neste caso, importa relembrar quais as indicações para oxigenoterapia de longa duração, nomeadamente uma PaO₂ ≤ 55 mmHg em repouso ou entre 55-60 mmHg se na presença de cor pulmonale crónico ou hipertensão pulmonar e/ou poliglobulia (hematócrito > 55%).
A prednisolona tem um papel importante na abordagem da exacerbação da DPOC, com redução do tempo de internamento e da probabilidade de nova exacerbação ou recidiva. No entanto, não demonstrou estar associada a redução do risco de morte relacionado com esta doença.
Os antibióticos, e em particular os macrólidos como a azitromicina, encontram-se indicados em doentes ex-fumadores que mantêm exacerbações apesar de se encontrarem sob terapêutica otimizada. Apesar dos estudos recentes demonstrarem que o uso regular dos mesmos reduz o risco de exacerbações, ainda não fazem parte das medidas com impacto na sobrevida destes doentes.
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Défice de AAT
O défice de AAT é uma doença genética co-dominante, que se manifesta de forma semelhante a outras formas de doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC): tosse produtiva crónica, dispneia associada a esforços, sibilância e infecções respiratórias recorrentes. Em doentes fumadores apresenta-se na 4ª década de vida, cerca de uma década antes dos não fumadores.
O défice de AAT pode ter manifestações hepáticas (por exemplo, hepatite neonatal, carcinoma hepatocelular) e cutâneas (paniculite). Doentes com doença hepática podem ser assintomáticos até ao estádio final da doença.
O défice de AAT deve ser considerado nas seguintes situações: doentes com DPOC numa idade jovem (menos de 45 anos), DPOC sem história de tabagismo ou com carga tabágica muito ligeira, ou história familiar de enfisema ou doença hepática. O diagnóstico é confirmado com a medição dos níveis séricos de AAT e a marcha diagnóstica deve incluir provas de função respiratória. O tratamento inclui suporte com broncodilatadores e corticoterapia e suplementação intravenosa com AAT. Indivíduos com doença pulmonar grave são candidatos a transplante pulmonar, e aqueles com insuficiência hepática podem ser submetidos a transplante hepático.
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