Pneumo: Alergologia
A apresentação clínica desta doente é altamente sugestiva de anafilaxia. A anafilaxia é uma reação sistêmica fulminante que ocorre minutos após a exposição ao antigénio desencadeante.
Deve considerar-se anafilaxia como muito provável quando existe uma reação sistémica grave, na presença de pelo menos 1 dos 3 critérios clínicos seguintes:
Início súbito (minutos a horas) de reação com envolvimento da pele e/ou mucosas e, pelo menos um dos seguintes: compromisso respiratório,hipotensão ou sintomas associados a disfunção de órgão terminal;
Ocorrência de 2 ou mais dos seguintes, de forma súbita, após exposição a um alergénio provável para aquele doente (minutos a algumas horas): envolvimento da pele e/ou mucosas, compromisso respiratório, hipotensão ou sintomas associados ou sintomas gastrointestinais – cólica abdominal, vómitos.
Hipotensão após exposição a um alergénio conhecido para aquele doente (minutos a algumas horas).
A abordagem terapêutica de escolha, sendo uma emergência médica e instituída após remoção do desencadeante (se possível) bem como da avaliação ABCDE, é a injeção intramuscular de adrenalina na face anterolateral da coxa, 0,01 mg/kg/dose, máximo 0,5 mg por dose no adulto e 0,3 mg na criança com <12 anos ou <40 kg. A injeção intramuscular pode ser repetida a cada 5-15 minutos, sendo que o quadro resolve habitualmente até às 3 administrações. Contudo uma outra variável importante e que afeta a sobrevida destes doentes é o posicionamento do doente. Tanto o ortostatismo como a posição sentada podem levar ao “síndrome do coração/ventrículo vazio” - caracterizado pelo insuficiente retorno venoso ao coração consequência da hipotensão súbita, secundária à depleção do volume intravascular. A administração da adrenalina pode intensificar este mecanismo dado o seu característico mecanismo cronotrópico. Assim, é recomendado que se coloque o doente em posição supina/decúbito dorsal antes da administração da adrenalina - o tratamento de 1ª linha. Nota: se grávida deverá ser em decúbito lateral esquerdo.
A base fisiopatológica da reação anafilática centra-se na libertação sistémica de mediadores inflamatórios (por exemplo, histamina) mediada por imunoglobulinas do subtipo IgE em resposta a um alérgeno (por exemplo, alimento, picada de inseto). Além disso, algumas substâncias (por exemplo, produto de contraste iodado, opioides) podem condicionar uma ativação direta dos mastócitos (processo não imunológico), levando a uma resposta semelhante à anafilaxia que pode ser clinicamente indistinguível da anafilaxia mediada por IgE. O quadro anafilático tem alterações hemodinâmicas que se caracterizam pela vasodilatação periférica marcada. A vasodilatação arteriolar condiciona uma diminuição da resistência vascular sistémica e a vasodilatação das vénulas leva à diminuição da pressão venosa central e reduz o retorno venoso. Face ao reduzido retorno venoso, há uma redução das pressões auriculares e de encravamento da artéria pulmonar. Contudo, numa situação de choque distributivo, como é exemplo a reação anafilática, o débito cardíaco encontra-se aumentado em resultado no aumento da frequência cardíaca (Opção E).
(Opção C) A ativação do Toll-like receptor 4 é um mecanismo importante no controlo de infeções por bactérias gram negativas que contêm lipopolissacarídeos na membrana, não nas reações alérgicas como a anafilaxia.
(Opção D) A desregulação do sistema da proteína C é um mecanismo envolvido na fisiopatologia do choque séptico, na trombofilia hereditária por deficiência da proteína C, na necrose cutânea induzida pela varfarina e na púrpura neonatal fulminante. Não se associa às reações alérgicas como a anafilaxia.
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